terça-feira, 30 de novembro de 2010

Anvisa traça perfil nutricional dos alimentos processados


19/11/2010
Fonte: CFN

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta quinta-feira o estudo "Perfil Nutricional dos Alimentos Processados". O levantamento verificou a quantidade de sódio, gordura saturada, gordura trans e açúcares em mais de 20 categorias de alimentos industrializados.
Segundo a Gerente Geral de Alimentos, Denise de Oliveira, o estudo monitorou os alimentos de maior consumo, principalmente pelo público infantil. A especialista justificou a escolha citando dados do IBGE que mostram o aumento de peso das crianças brasileiras. Em 2009, uma em cada três crianças, na faixa de 5 a 9 anos, estava com sobrepeso, sendo que a obesidade atingiu 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas.
Entre os alimentos pesquisados, o macarrão instantâneo apresentou a maior quantidade de sódio. Algumas marcas têm mais que o dobro da quantidade máxima do mineral recomendada para o consumo diário. A variação de sódio entre as marcas também é grande, chegando a 7,5 nos macarrões instantâneos e a 7,2 nos temperos.
De acordo com o levantamento, a quantidade de sódio encontrado na batata palha pode variar em até 14 vezes de marca para marca. Já nos salgadinhos de milho, essa diferença chega a 12,5. Para a presidente da Anvisa, Maria Cecília Brito, essa oscilação mostra que a indústria brasileira tem possibilidade de produzir alimentos com menores teores de sódio. "Esperamos que com o comunicado de risco, a população entenda que existem opções de alimentos mais saudáveis. Para isso, basta que as pessoas olhem os rótulos", recomenda.


Açúcar
Para medir a variação no teor de açúcar, a Agência analisou os refrigerantes de cola e guaraná, os sucos e os néctares (bebidas com concentração de polpa de fruta entre 20 e 30%). Na análise dos refrigerantes, foi encontrada uma diferença de 1 ponto. Para os sucos, a pesquisa indicou menor quantidade de açúcar nas amostras de suco de manga (9,8g/100ml) e maior quantidade no suco de uva (14,5 g/100 ml). Nos néctares, os menores índices foram encontrados nos sabores de laranja, maçã e pêssego com uma média em torno de 11g/100ml, contra os 14g/100ml encontrados nos néctares de uva.


Gorduras
Na análise das gorduras saturadas, muitas marcas de alimentos apresentaram teores superiores à média encontrada na respectiva categoria. Na análise das batatas fritas, 17 das 28 marcas analisadas estavam com teores de gordura saturada acima da média. Nas batatas palhas, 55% das marcas analisadas estavam com teores de gorduras saturadas com valores superiores à média desse nutriente para o respectivo produto. Já nos salgadinhos de milho, o maior valor encontrado de gordura saturada (2,6g/25g) foi dez vezes maior que o valor mínimo (0,25g/25g).


Vale a dica nutricional:
 
1) Não ofereça alimentos industrulizados diariamente ao seus filhos (evite especificamente macarrão instântaneo, salgadinhos e sucos de néctar muito concentrados);
 
2) Inclua frutas, sucos in natura, verduras, grãos e cereais integrais (use a criatividade com pratos coloridos e receitas variadas- ninguém gosta de monotonia, especialmente a alimentar!);
 
3) Alimentação nutritiva não é necessariamente a mais cara, ou a mais trabalhosa no preparo, a diferença está no planejamento!;
 
4) Evite refrigerantes, têmperos prontos, sucos artificiais, adoçantes, bolachas recheadas, balas coloridas, chocolate em excesso na alimentação diária - a quantidade de aditivos químicos, corantes, adoçantes, glutamato de sódio, interferem não só no paladar dos pequenos, como no metabolismo. Há diversos estudos relacionando distúrbios de comportamento de crianças hiperativas com excesso da ingestão de açúcares, etc;
 
5) Alimentos frescos, naturais, e de preferência orgânico (sem agrotóxicos) garantem um crescimento e desenvolvimento adequado a nossa futura geração! PENSE NA SAÚDE DO SEU FILHO! NÃO SE SEDUZA E NEM DEIXE-OS SEREM SEDUZIDOS PELAS CAMPANHAS DE MARKETING ABUSIVAS DE ALIMENTOS!
 
E para finalizar: Pratique atividades ao ar livre sem que possível na companhia deles, e reduza o tempo de televisão, video-game e computador do seu filho(a)!
 
Pode ter certeza que as chances de algum jingle ficar na cabeça deles será bem menor!!
*Jingle é uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração, a fim de ser lembrado com facilidade. Música feita exclusivamente para um produto ou empresa.



Porque a medicina e a indústria farmacêutica da obesidade LUCRAM TANTO??


Porque que não te calas? (Fonte: riquenutri.blogspot.com)

Frase proferida pelo Dr. Alfred Halpern, que está em alguns dos jornais hoje: "Por mais que haja protestos contra, o que vale é o número de calorias. Você pode comer 'junk food' se quiser. Se o número de calorias for menor do que o que você gasta, vai perder peso.

Lamentável continuar a ler e ouvir estes tipos de declarações. É exatamente o contrário disso que expliquei na postagem do dia 5 de novembro e tenho comprovado pela literatura científica e pela prática.
Primeiro: ficar contando calorias, fazer dietas hipocalóricas pode sim levar muitas pessoas a perder peso, mas não conseguem manter o peso. Voltam a ganhar peso, aumentam seu risco cardiovascular, se frustram, entram em depressão, e se desesperam, passam a viver à base de curas milagrosas e toneladas de medicamentos.  É isso que os médicos querem ...E ACRESCENTO: A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA TAMBÉM!

E mais: quantos pacientes, inúmeros, já atendi que estão comendo 600, 500, 400 calorias todos os dias e não perdem um grama. Não perdem porque não basta contar calorias. É preciso retirar as toxinas do corpo que reduzem o metabolismo. É preciso regular os órgãos começando por quem rege toda a orquestra que é o intestino. É preciso controlar a inflamação. E por ai vai.

OU SEJA: Considero uma injúria/calúnia e crime de lesa-pátria proferir comentário dizendo que pode comer junk food quanto quiser, que se tiver deficit calórico, vai perder peso. Isto não é pensar na saúde do ser humano.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cuidado com a auto-medicação!

1) EFEITOS ORAIS E NO PALADAR/OLFATO:

a) Os fármacos podem alterar o fluxo salivar, causando boca seca, aumento de cáries, estomatite e glossite. Ex: antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, causam boca seca e amarga, ou paladar metálico.

b) Os fármacos podem ser secretados na saliva ex: antibióticos claritromicina entra na saliva, causando paladar amargo.

c) Os fármacos podem suprimir bactérias orais naturais, podendo resultar em candidíase oral. Ex: antibióticos, com a tetraciclina, podem resultar em crescimento excessivo de fungos (ex:candidíase).

d) Os fármacos podem causar digeusia (paladar anormal ou alterado). Ex: metronidazol pode causar paladar metálico na boca.

e) Os fármacos podem danificar células de proliferação rápida. Ex: os efeitos citotóxicos de antineoplásicos, como a cisplatina ou o metotrexato, causam estomatite, glossite e esofagite.

2. EFEITOS GASTROINTESTINAIS:

a) Os fármacos podem irritar a mucosa gástrica, causando desconforto, náuseas, vómitos, sangramentos e ulcerações. Ex: AINE, como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno, causa irritação gástrica, às vezes levando a sangramento repentino e grave.

b) Os fármacos podem afectar o peristaltismo intestinal. Ex: os colinérgicos (antipsicóticos, antidepressivos e anti-histamínicos) diminuem os movimentos involuntários dos intestinos, causando obstipação.

c) Os fármacos podem destruir bactérias intestinais benéficas para a nossa digestão. Ex: a ciprofloxacina causa crescimento acelerado do clostridium difficile e resulta em colite pseudomembramanosa.

3. ALTERAÇÕES NO APETITE:

a) Os fármacos podem suprimir o apetite. Ex: os antidepressivos inibidores da reabsorção selectiva da serotonina, como a fluoxetina, podem causar anorexia e perda de peso.

b) Os fármacos podem aumentar o apetite. Ex.: os antidepressivos tricíclicos e a maioria dos antipsicóticos, como a amitriptilina, a olanzapina e a clozapina, estimulam o apetite e o ganho de peso.

ANTES DE INICIAR QUALQUER TRATAMENTO MEDICAMENTOSO, LEIA A BULA (Converse com seu médico, sobre efeitos colaterais, e não apenas da principal ação do medicamento).
E PRINCIPALMENTE, EVITE A AUTO-MEDICAÇÃO!!
Não abuse de medicamentos!




CURIOSIDADES... VOCÊ FICA PENDURADA(O) AO CELULAR, LAP TOP, OU NA FRENTE DO MICROONDAS ENQUANTO AQUECE SEU ALIMENTO? CUIDADO COM CÂNCER!!

"Vamos esperar os cadáveres para agir contra o celular?", questiona pesquisadora DÉBORA MISMETTI - EDITORA ASSISTENTE DE SAÚDE

A epidemiologista Devra Davis lidera uma cruzada para fazer as pessoas deixarem o celular longe de suas cabeças. Convencida de que a radiação emitida pelo aparelho lesa a saúde, ela escreveu " Di sconnect" (sem edição no Brasil), cuja base são pesquisas que começam a mostrar os efeitos dessa radiação no organismo. Nesta entrevista, ela também perguntou: "Vamos esperar as mortes começarem antes de mudar a relação com o celular?".


Folha - Quais os riscos para a saúde de quem usa celular?

Devra Davis - Se você segurá-lo perto da cabeça ou do corpo, há muitos riscos de danos. Todos os celulares têm alertas sobre isso. As fabricantes sabem que não é seguro. Os limites [de radiação] definidos pelo FCC [que controla as comunicações nos EUA] são excedidos se você deixa o celular no bolso.

Quais os riscos, exatamente?

O risco de câncer é muito real, e as provas disso vão se avolumar se as pessoas não mudarem a maneira como usam os telefones. Trabalhei nas pesquisas sobre fumo passivo e amianto. Fiquei horrorizada ao perceber que só tomamos atitude depois de provas incontestáveis de que danificavam a saúde.

Reconheço que não temos provas conclusivas nesse momento. Escrevi o livro na esperança de que meu status como cientista tenha peso, e as pessoas entendam que há ameaça grave à saúde e podemos fazer algo a respeito.

Mas há estudo em humanos que dê provas categóricas?

Quando você diz "provas", você quer dizer cadáveres? Você acha que só devemos agir quando já tivermos prova? Terei que discordar. Hoje temos uma epidemia mundial de doenças ligadas ao fumo. O Brasil também tem uma epidemia de doenças relacionadas ao amianto. Só recentemente vocês agiram para controlar o amianto no Brasil, apesar de ele ainda ser usado. Ninguém vai dizer que nós esperamos o tempo certo para agir contra o tabaco ou o amianto. Estou colocando minha reputação científica em risco, dizendo: temos evidências fortes em pesquisas feitas em laboratório mostrando que essa radiação danifica células vivas.

Qual a maior evidência disso?

A radiação enfraquece o esperma. Sabemos por pesquisas com humanos. As amostras de esperma foram dividas ao meio. Uma metade foi mantida sozinha, morrendo naturalmente. A outra foi exposta a radiação de celulares e morreu três vezes mais rápido. Homens que usam celulares por quatro horas ao dia têm a metade da contagem de esperma em relação aos demais.

Crianças correm mais perigo?

O crânio das crianças é mais fino, seus cérebros estão se desenvolvendo. A radiação do celular penetra duas vezes mais. E a medula óssea de uma criança absorve dez vezes mais radiação das micro-ondas do celular. É uma bomba-relógio. A França tornou ilegal vender celular voltado às crianças. Nos EUA, temos comerciais encorajando celular para crianças. É terrível. Fico horrorizada com a tendência de as pessoas darem celulares para bebês e crianças brincarem. Sabemos que pode haver um vício no estímulo causado pela radiação de micro-ondas. Ela estimula receptores de opioides no cérebro.

Jovens usam muitos gadgets que emitem radiação.

Sim, e eles não estão a par dos alertas que vêm com esses aparelhos. Não é para manter um notebook ligado perto do corpo. As empresas colocam os avisos em letras miúdas para reduzir sua responsabilidade quando as pessoas ficarem doentes.

É possível comparar a radiação de celular à fumaça?

Sim. O tabaco é um risco maior. Mas nunca tivemos 100% da população fumando. Agora, temos 100% das pessoas usando celular. Então, ainda que o risco relativo não seja tão grande, o impacto pode ser devastador.

Nos maços de cigarro, há aquelas fotos horríveis. Esse é o caminho para o celular?

Isso é o que foi proposto no Estado do Maine (EUA). Está se formando um grande movimento para alertar as pessoas a respeito dos celulares. Isso é o que aconteceu com o fumo passivo. Vamos começar a ver limites para a maneira e os locais onde as pessoas usam celular. A maioria não sabe que, se você está tentado conversar num celular em um elevador, a radiação está rebatendo nas paredes e fica mais intensa em você e em quem estiver perto.

Além de usar fones, o que é possível fazer para prevenir?

Enviar mensagens de texto é mais seguro do que falar. Ficar com o celular nas mãos, longe do corpo, é bom, e mantê-lo desligado também.

Mas celular é um vício!

Sim. Temos que usá-lo de forma mais inteligente.


RAIO-X

FORMAÇÃO
Doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins

ATIVISMO
É fundadora da ONG Environmental Health Trust, que faz campanhas sobre riscos do tabaco, amianto e dos celulares para a saúde

LIVROS
"When Smoke Ran Like Water" (2002), sobre poluição, "The Secret History of the War on Cancer" (2007), sobre as causas ambientais do câncer, e " Disconnect" (2010)




O SUMIÇO DAS ABELHAS



SUSTENTABILIDADE
Pesquisadores do mundo todo afirmam que esses insetos estão em extinção. Com eles, somem de nossa mesa alimentos importantes
Por Tiago Cordeiro

Sem as abelhas, o homem pode desaparecer em quatro anos”. A frase é atribuída ao cientista Albert Einstein (1879-1955). Não tem nada de exagero e ainda pode se revelar profética. Nos últimos três anos, começaram a surgir ao redor do mundo indícios de que várias espécies desse inseto podem estar desaparecendo. As consequências seriam catastróficas para o ecossistema e para nossa alimentação.

O primeiro alerta surgiu em 2007. Naquele ano, os Estados Unidos perderam 60% de suas abelhas, que simplesmente desapareceram em 24 estados. O fenômeno se repetiu no Canadá, na França, na Inglaterra, na Suíça, na Alemanha, na Bélgica, na Síria e no Iraque – apicultores acostumados a perder 10% da população de abelhas em determinados períodos do ano se viram, do dia para a noite, sem 90% do total. Ficou claro nesse momento que um fenômeno de longo prazo tinha se acelerado e muito; Portugal,por exemplo, contabilizou a perda de 3,5 milhões de abelhas em três anos; a Espanha, de 9 milhões.

Nos Estados Unidos, havia 5 milhões de colmeias em 1950 e só metade disso nos primeiros anos deste século. Na Europa, pelo menos quatro espécies pujantes há seis décadas estão extintas – em alguns países do Velho Continente, nada menos do que 13 espécies desapareceram.

O fenômeno também é observado no Brasil, ainda que, aparentemente, em menor escala (os estudos sobre o assunto são localizados, mas não existem estimativas da situação em todo o País). As abelhas estão sumindo em vários municípios do interior de São Paulo – em Brotas, o Instituto Biológico de São Paulo tenta entender o fenômeno com análises sobre a água da região. De um raio de 300 quilômetros em torno da cidade de Rio Claro, outro importante centro de apicultura, sumiram 6 mil colmeias só nos últimos dois anos. Na região Sul, onde esses insetos foram introduzidos pela primeira vez em território nacional, a importante abelha Mamangava está extinta no Paraná, onde era muito comum 20 anos atrás, e corre sério risco em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. No Espírito Santo, a espécie Mandaçaia é residual perto do que era há 15 anos. Assim como no território capixaba, no Nordeste o desmatamento causa um ciclo vicioso: o ataque à Caatinga, um dos biomas mais ameaçados do Brasil, causou a redução do número de abelhas; e isso, por sua vez, dificulta a recuperação da fauna e da flora locais.”

Os números
  • 70% da produção agrícola depende da polinização das abelhas;
  • 80% do meio ambiente vegetal é fecundado por elas;
  • Só nos Estados Unidos, esses insetos rendem 14 bilhões de dólares;
  • No mundo, a agricultura perderia 153 bilhões de euros por ano se não existissem abelhas;
  • Existem 20 mil espécies conhecidas no mundo e cerca de 1000 no Brasil;
  • Oito principais culturas do Brasil (melão, maçã, maracujá, caju, café, laranja, soja e algodão) dependem das abelhas. Somadas, elas geram 9,3 bilhões de dólares para o País.
Causas
O que está acontecendo com as abelhas? Os biólogos apresentam algumas explicações, a maioria diretamente ligada ao impacto do ser humano sobre o meio ambiente. “Esses animais são muito sensíveis a variações no ecossistema”, explica Osmar Malaspin, professor e pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


“Os apicultores estão acostumados a períodos de desaparecimento de abelhas em épocas de seca, quando a comida dos insetos fica mais escassa. Mas a queda preocupante que estamos observando tem outras causas, como a aplicação de grandes quantidades de inseticida e o desmatamento”. Nas regiões de carvoaria, por exemplo, a queima de árvores leva consigo grandes colmeias. A derrubada de árvores, seja para a instalação de pastos e fazendas na Amazônia ou para a criação de novos bairros em Curitiba (onde a população saltou de 300 mil em 1960 para os atuais 1,8 milhão de pessoas) também interfere. O aquecimento global é mais um ponto citado: áreas onde foram registrados aumentos de temperatura experimentaram a diminuição brusca na população das espécies mais sensíveis ao calor – caso da mamangava. E até mesmo os celulares podem assumir uma parcela da culpa: dois pesquisadores da Universidade Chandigarh’s Punjab, da Índia, comprovaram que a rede de telefonia móvel interfere no senso de navegação dos insetos.


Outra causa está nas epidemias que atingem essas populações de tempos em tempos. Em 1987, o ácaro Varroa acabou com milhares de colmeias nosEstados Unidos, na Europa e no Brasil. Acredita-se que o surto de 2007 foi causado pelo mesmo problema, batizado de “aids das abelhas” porque aumenta a propensão a adquirir uma vasta gama de outras doenças, que se acumulam e dizimam populações inteiras. “Quando as condições ambientais são desfavoráveis, esses grupos de animais têm dificuldade em repor os integrantes perdidos”, diz Malaspin.


Pesticidas, aquecimento global e desmatamento irrefreável são responsáveis pelo extermínio de colmeias no mundo todo.
Um congresso de 10 mil cientistas e apicultores, reunidos na França em 2009, concluiu que todas as causas estão relacionadas, e começam com o ser humano.


Intoxicadas aos poucos pela forte concentração de pesticidas encontradas nas flores, as abelhas não se defendem mais com a mesma eficácia de vírus, fungos e parasitas. Tampouco se recuperam com a antiga facilidade de situações de epidemia, seca ou aumento de temperatura. Essa somatória de causasquebra um delicado equilíbrio: para ser eficiente, a polinização depende da forma da flor; do volume de açúcar do néctar; do horário de secreção do néctar ou da liberação de pólen e da vida útil dos óvulos.
Não é difícil imaginar de quantas maneiras diferentes o ser humano vem interferindo nesse processo.

Impacto
Se Albert Einstein levava tão a sério o impacto de nossos pequenos parceiros na agricultura, é porque as abelhas têm um papel importantíssimo na reprodução de plantas, flores e frutos. Elas são os mais importantes polinizadores da natureza. Sem esse processo, os frutos e as sementes simplesmente não se formam, a reprodução é bloqueada. Em pouco tempo, somem as plantas. As próximas vítimas são os animais – incluindo aí os seres humanos – que dependem delas para se alimentar e viver.


A agricultura poderia não acabar, mas o mundo experimentaria a diminuição do tamanho das plantações e da variedade de produtos (algumas plantas, como a da castanha-do-pará (hoje conhecida por castanha-do-Brasil), só se reproduzem com a ajuda de uma espécie específica de abelhas e o encarecimento absurdo dos preços num planeta que, em 2050, vai ter mais de 9 bilhões de habitantes.


Na região chinesa de Sichuan, por exemplo, a crise de três anos atrás levou os agricultores a polinizar as frutas manualmente, uma a uma. O custo da feira disparou para a população local.


Nos EUA, agricultores chegam a alugar colmeias para polinizar a lavoura e, assim, manter o ritmo de produção de alimentos


A maior parte da Europa teria de importar tomates. Lá, eles são criados em estufas, onde a polinização só ocorre com a introdução de abelhas. Nos Estados Unidos, os apicultores alugam 2 milhões de colmeias para polinização da lavoura. Levas e levas de insetos são deslocados pelo país de acordo com a época de floração de cada plantação. A produção de mel já é menos importante, financeiramente, do que esse trabalho. Só as lavouras de amêndoa da Califórnia, responsáveis por 80% da produção mundial, necessitam de 1,4 milhão de colmeias. “Sem as abelhas, seria muitodifícil manter o ritmo de produção dos alimentos que sobrassem no planeta”, diz Gabriel Rodrigues de Melo, zoólogo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

De acordo com as nutricionistas Valéria Paschoal e Andréia Naves, autoras do estudo “Abelhas e o impacto na nutrição”, a produção de alimentos fundamentais para a população brasileira está seriamente ameaçada. “Pode faltar em nossas mesas culturas amplamente utilizadas na culinária, como laranja, maracujá, tomate, abacate e café”, explica Andréia.


“E a falta desses alimentos certamente afetaria a qualidade de vida da população, já que são ricos em vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos que auxiliam o equilíbrio e manutenção da saúde”, complementa Valéria.

Soluções
Como resolver o problema antes que as abelhas desapareçam de vez? Para evitar o problema das epidemias, pesquisadores espanhóis de Córdoba trabalham no desenvolvimento de uma superabelha, com rainhas ganhando mutações que as tornam mais resistentes.

O trabalho é polêmico porque uma espécie reforçada pode desequilibrar seriamente o ecossistema.

Outra alternativa, que será considerada nos países desenvolvidos e também no Brasil (somos um dos líderes da Iniciativa Internacional dos Polinizadores) é apostar no incentivo aos apicultores, para que eles monitorem mais de perto as abelhas e busquem alternativas a problemas como a falta de alimento.

Nas regiões de cerrado do Centro-Oeste, um farelo ultrafino feito de soja, milho e trigo tem ajudado aminimizar a perda de abelhas.

Fonte: • Revista Nutrir - Outubro/2010 Revista Nutrir - Outubro/2010 •

Respeite nosso planeta!

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